Tradição: Pilar da fé católica
Atualmente, dizer que confia na tradição católica gera inúmeras reações. De risos a expressões de medo, as pessoas vão, cada vez mais, esquecendo o real significado dessa herança.
Onde não há tradição, não há identidade. Do mesmo jeito que sua família, ou até seus amigos, tem uma maneira de se organizar, a Igreja tem essa maneira. E ela não é nada aleatória.
Muitos a criticam, mas você já parou para pensar que nós acreditamos na existência de Mateus, Lucas e outros evangelistas somente por causa da tradição? O único que se mencionou foi João (tinha que ser o discípulo amado!), se fosse assim, nessa sola scriptura que já debatemos na edição retrasada, somente saberíamos da existência de João, entre os evangelistas.
Na correria do dia a dia, achamos que essa ancestralidade só estava presente antigamente, que depois dos anos 70 tudo isso mudou. Mas não.
Então, venha conhecer esse aspecto tão importante conosco!
A Tradição Como Pilar da Fé
Nós Católicos possuímos uma base de fé que é trina, semelhante a Santíssima Trindade, composta por Sagrada Escritura, Sagrado Magistério e a Sagrada Tradição. Todas são de suma importância para a fé e se afirmam entre si. Dessa forma, não haveria sentido em remover algum ou colocar certo individual acima dos outros.
A Sagrada Tradição, que será o foco a ser abordado, é a transmissão dos ensinamentos dos seguidores de Cristo, seguindo o evangelho, através dos séculos. São Paulo vai nos dizer, na carta aos Cristãos de Tessalônica (2Ts 2, 15) para que fiquem “firmes e conservai os ensinamentos que de nós aprendestes, seja por palavras, seja por carta nossa”.
Assim se seguiram os primeiros séculos sem a Bíblia, somente cartas ou pregações de apóstolos e pregadores, como Pedro, Paulo, Inácio de Antioquia, Clemente Romano e Policarpo de Esmirna.
Ademais, esses ensinamentos são enaltecidos como pilares por Paulo na mesma carta aos Tessalonicenses (3, 6) pedindo “que eviteis a convivência de todo irmão que leve vida ociosa e contrária à tradição que de nós tendes recebido”.
Com isso, é insustentável que o Cristianismo não tenha tradição que carregue os ensinamentos de Nosso Senhor Jesus Cristo e de seus apóstolos, pois a eles foi dito “quem vos ouve, a mim ouve” (Lc 10, 16).
A tradição oral, já citada, se relaciona com a pregação, de onde advém a fé (Rm 10, 17-18). Ela é importante também para a formação dos evangelhos, algo evidenciado no Evangelho segundo Lucas, ele que foi atrás de várias testemunhas oculares dos eventos registrados que o contaram os ocorridos (Lc 1, 2-4), ou seja, a ele foi transmitido oralmente todos os ensinamentos que estão escritos, o mesmo ocorrendo com Marcos.
Voltando ainda muito mais no tempo, o Antigo Testamento inteiro, em especial o pentateuco, é basicamente a inscrição das tradições, que eram transmitidas oralmente, dos primeiros hebreus. Tudo só começou a ser escrito no reinado de Salomão por escribas, 1000 anos depois de Abraão (2000 a.C), ou seja, os hebreus viveram um milênio inteiro transmitindo muitas histórias do pentateuco pelas gerações pela tradição oral.
Dessa forma, o povo de Deus sempre teve a tradição, sempre a transmitiu e sempre a valorizou.
A tradição patrística nos mostra o início da Igreja e sua batalha contra a mentira, a tradição escolástica nos mostra a razão nos ensinamentos da fé, a tradição monástica nos mostra a mística do catolicismo, a tradição litúrgica nos ajuda a celebrar a Glória de Deus como um “eu te amo” constante a Ele, dentre as outras áreas que a Tradição Católica abrange.
E isso é lindo.
A Beleza da Continuidade nos Ritos e na Liturgia
A liturgia da Igreja Católica é muito mais do que uma sequência de gestos ou palavras, é a expressão viva da fé transmitida de geração em geração. Por meio dos ritos sagrados, a Igreja preserva e atualiza o mistério da salvação, mantendo a beleza da continuidade que une os cristãos ao longo dos séculos.
Os ritos — como as orações, os sinais, os cantos e a consagração — são manifestações visíveis de uma fé que permanece fiel à sua origem apostólica. Eles não são formas vazias, mas caminhos que conduzem ao essencial: o encontro com Cristo. Como afirma o Papa Francisco, “A liturgia é um encontro com Cristo”, e, por isso, deve ser vivida com reverência, profundidade e espírito de comunhão.
Essa continuidade manifesta a unidade da Igreja no tempo e na fé. Ao celebrar os mesmos mistérios com os mesmos ritos que tantos santos viveram antes de nós, experimentamos a comunhão com toda a Igreja — padecente e gloriosa — em um só corpo unido em Cristo.
A liturgia não é uma repetição sem sentido, mas fidelidade ao que é sagrado. Participar da liturgia é entrar em um tempo sagrado, onde o passado, o presente e o futuro se unem no mesmo louvor, na mesma fé e no mesmo Cristo.
É nessa fidelidade aos ritos e à Tradição que se revela a verdadeira beleza da liturgia: o encontro vivo e transformador com o Senhor.
Tradição vs Mundo Moderno
No século XX, em especial a sua segunda metade, começaram as discussões sobre as adaptações do mundo ao modernismo. O problema é que esse foi o início do “fardo do homem moderno”, um comportamento que nos coloca como pobres coitados, que, viciados em novas tecnologias, não conseguem se adequar a ritos e outras importantes atividades religiosas.
Foi aí que passaram a tratar religião como self-service: se tem algo que eu, por egoísmo, não quero seguir, então eu saio e vou para outra. E passou a surgir igreja sem Maria, igreja sem missa, e outras denominações. E você, caro leitor, por vezes já também quis abandonar o catolicismo porque era árdua a missão.
Então qual foi o motivo de dogmaticamente a Igreja Católica nunca ter mudado? É por que ela é retrógrada?
Não. É porque a verdade não muda.
O livro do apocalipse, base para a Santa missa, não mudou. A Quinta-feira santa, instituição da Eucaristia, não mudou. A tradição apostólica, desde os tempos do Império Romano, não mudou.
Cristo não mudou.
Nós adaptamos, a exemplo da inclusão da missa nova no Concílio Vaticano II, maneiras de transmitirmos de outra forma o evangelho. Mas não mudamos a base.
Porque a verdade não muda!
Esse sofismo de achar que tudo é relativo, de que “tudo tem que se adequar ao contexto histórico”, é mentira. E muitos já perceberam isso!
Batismos crescendo na França, até na cidade do nosso grupo, João Pessoa, nunca vimos tantas crismas de adultos!
O mundo sempre disse “não” a Deus. Mas, com a tradição, dizemos “sim”.
Nossas indicações para seu fim de semana 📫
Final de semana chegou e nada melhor que ficar perto de Deus das mais diversas formas!
🎧 “Tô afim de escutar uma música antiga”- As músicas católicas antigas perduram até hoje! Muitas tem passagens bíblicas belíssimas! Escute essa versão em português de “Eccomi” (Eis me Aqui- Sl 39) Escute aqui.
🎥 Vídeo: “Por que sou católico”. Esse vídeo é curto mas quem o vê reflete sobre as razões de sermos católicos! É lindo ser católico!
💻Leia esse artigo sobre santa Catarina de Sena, que fala da concepção dela de fé, interessantíssimo! Leia aqui.
Lembre-se: a santidade é uma batalha diária!